Sobre patas e rodas; das cavernas às
garagens.
Desde a fase animista[1] da
humanidade, há exemplo do boi e do cavalo, então transformados em objetos de
adoração fetichista[2]
e desenhados nas paredes, esses animais têm sido possuidores de imensa carga
ideológica. Tanto que, nos 40 mil anos de arte, a humanidade tem reinventado os conceitos
e as formas de representá-los. De tal forma a transformá-los em ícones.
Cavalo, gruta
de Lascaux, França, 15.000 aC. / Bisão, gruta de Altamira,
Espanha, entre 15.000 e 10.000 aC.
Na antiguidade, o boi e o cavalo alçaram o status de divindades. Quanto ao boi, esse era adorado pela sociedade minóica. Os babilônios o projetaram no céu como um signo do zodíaco. O povo egípcio venerou duas divindades zoomórficas bovinas. Os assírios viam no touro força, divindade e autoridade. Os gregos o relacionaram a Zeus.
O boi não foi deixado de fora nem da
história bíblica, neste caso de forma pejorativa, quando os hebreus foram
acusados de idolatria por Moisés.
O cavalo passou pelo mesmo afã de
importância que o touro. Foi pintado nas cavernas pelos homens primitivos, domesticado
e transformado pelos antigos em instrumento de trabalho e guerra. Os gregos fizeram
dele um dos símbolos do deus Apolo, tendo sido ele, o cavalo, o engodo mais
famoso da mitologia, o “presente de grego” para a tomada de Tróia.
Ainda pelos gregos ganhou asas e nomeou a
constelação de Pegasus, era também símbolo da deusa Epona, uma divindade Celta
cultuada em Roma.
Em nosso tempo, boi e cavalo se tornaram símbolos de uma infinidade de
marcas, incluindo as duas marcas automobilísticas mais desejadas do mundo. O
marketing fez com que esses dois animais roncassem em muitas cilindradas através
de motores Lamborghini e Ferrari. Os carros
citados comprovam o poder que os seus símbolos projetam. Seus designers e
tecnologia fazem deles mais que apenas conjuntos mecânicos, colocando-os no rol
das obras de arte e da ciência de ponta. Lamborghini e Ferrari protagonizam uma
das disputas empresariais mais interessantes da história contemporânea.
Conta-se que Ferruccio Lamborghini, rico fazendeiro e fabricante de tratores italiano, descendente de uma família tradicional de toureiros e comprador assíduo de carros Ferrari, certa vez encontrou-se com Enzo Ferrari durante a revisão de um dos carros de sua coleção. Ao sugerir a Enzo algumas modificações no sistema de embreagem das ferraris, Ferruccio Lamborghini teria sido tratado com descrédito por Enzo, o qual teria lhe dito que um fazendeiro, fabricante de tratores, não tinha nada que discutir sobre carros de alto desempenho. Ferruccio, bem ao estilo dos italianos brigões, respondeu a Enzo Ferrari que faria um carro melhor que os dele. Desde então, 1963, ano do lançamento do primeiro carro Lamborghini, todos os modelos levaram nomes de touros.
Cavalo e touro italianos continuam brigando pela
preferência de seus fiéis. Seus símbolos ainda são, como no início da
humanidade, marcas de fortuna, potência, desejo e sucesso. Não há como desconsiderar a força icônica que ambos sustentam. Conta-se que Ferruccio Lamborghini, rico fazendeiro e fabricante de tratores italiano, descendente de uma família tradicional de toureiros e comprador assíduo de carros Ferrari, certa vez encontrou-se com Enzo Ferrari durante a revisão de um dos carros de sua coleção. Ao sugerir a Enzo algumas modificações no sistema de embreagem das ferraris, Ferruccio Lamborghini teria sido tratado com descrédito por Enzo, o qual teria lhe dito que um fazendeiro, fabricante de tratores, não tinha nada que discutir sobre carros de alto desempenho. Ferruccio, bem ao estilo dos italianos brigões, respondeu a Enzo Ferrari que faria um carro melhor que os dele. Desde então, 1963, ano do lançamento do primeiro carro Lamborghini, todos os modelos levaram nomes de touros.
[1] Animismo: s.m. Religião primitiva que atribui uma
alma a todos os fenômenos naturais e que procura torná-los propícios por meio
de práticas mágicas.
[2]
Fetichismo: s.m. Culto dos
fetiches, ou feitiços; veneração exagerada, supersticiosa, de objetos
inanimados que se crê estarem ligados aos espíritos e que, por isso, passam a
representá-los simbolicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário